quinta-feira, agosto 23, 2012

O subsídio


O meu avô era um rapaz cheio de sabedoria popular.
Sempre que fazíamos um biscate qualquer lá em casa, fosse para partir uma parede ou para encher um carro de massa, o meu avô, por norma, não se levantava.
Eu perguntava-lhe várias vezes "porque razão trabalhas sentado?". Certo como o destino chegaria um "porque deitado não consigo". A mim em regra tocava-me alombar.
Ao meu pai, que já era adulto, era dado o direito de opinar. As respostas aqui já variavam. Um simples "não, porque eu não quero" até ao clássico "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa".
E é aqui que vocês entram.
Os boys, filhos de papá, sem cv ou experiência que receberam o conjunto de tachos deste governo, são uma coisa. Vocês que andam nisto há 30 anos e que auferem as espectacular quantia de 900 euro, são outra.
A ver se nos entendemos.
Reducões salariais, cortes nos subsídios e aumento de impostos. Esta foi a forma encontrada por quem nos governa de ter dinheiro em caixa.
A vossa parte? Entregam o dinheiro. E sem piar muito sff.
Se gritam como os espanhóis lá vem aquele gajo com nome de esquentador aos saltos.
A parte deles? Receber o dinheiro e decidir a sua aplicacão.
Poderia ser usado no bem comum, é um facto, mas temos a infeliz coincidência dos receptores não serem do mais honesto que há na paróquia, acabando o dinheiro nos bolsos de umas poucas centenas.
É só isto. Não é preciso complicar mais. Não é preciso enumerar casos, exemplos, nomes. Estão nos jornais todos os dias e eu quero ir ver a bola. Tenho que me despachar.
Eles chamam-lhe democracia. Vocês concordam. Pelo menos é o que diz aquele papel onde meteram a cruz.
Visto daqui parece apenas um roubo. Mas daqueles bem feitos, como nos filmes do De Niro.
Olhem...e o Sócrates? Saudades?

1 comentário:

InExtrumis disse...

> Olhem...e o Sócrates? Saudades?

Não. Essa canalhada dificilmente deixaria saudades, mas como foi substituída por outra igual, ficou tudo na mesma, é apenas um contínuo, que já dura desde meados de 80.